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Há muitos anos no mesmo endereço, o Brechó Camarim é um verdadeiro "baú de achados". O acervo é grande e não há peças repetidas. No Camarim você encontra de tudo, diversas marcas. Temos peças masculinas, femininas e infantis. Alugamos vestidos de festas.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Fome de Leão

copan
Por Maria Balé

Ele nasceu no dia 5 de setembro de 1946, em Stone Town, Zanzibar. À época, colônia britânica, hoje, a ilha das especiarias pertence à Tanzânia, África Oriental.

Não falo do monstrinho Taz, o diabo da Tasmânia. Esse nasceu depois, em 1954. O desenho animado, não o mamífero marsupial no qual foi inspirado. Tasmânia e Tanzânia dão a impressão de ser o mesmo lugar. Similaridade demais no nome de distintas ilhas. Falo de outro gigante: Farrokh Bulsara, monstro sagrado da música, considerado pelos críticos, e por diversas votações populares, como um dos melhores cantores de todos os tempos. É uma das vozes mais conhecidas do mundo.

No dia 24 de novembro de 1991, um dia após declarar ao mundo que era portador do HIV, Freddie Mercury, vocalista da banda de rock britânica Queen, morre em Garden Lodge, nome dado à sua casa na cidade de Londres.  

FOME DE LEÃO

E o que tem a ver Freddie Mercury, o diabo da Tasmânia e sei lá mais o quê? Nada. E tudo. Como no caso de Tasmânia e Tanzânia, que são diferentes e parecem a mesma, as conexões na memória não se subordinam à lógica.

Simultânea à notícia da morte de Freddie Mercury, foi a notícia de que, por motivos de trabalho, eu me mudaria da cidade pequena, onde morava, para a capital paulista. E lá estava eu, às vésperas de enfrentar um monstro, o diabo da cidade grande.

Tristeza infinita, um 'Urubamaba' de lágrimas. A morte do ídolo e a troca de cidade. São Paulo, a feroz arena, era, para mim, como o diabo da Tasmânia. Quem não conhece esse gorducho com cara de mau? Um monstro guloso que come tudo que encontra pela frente. 

Taz, o comilão do desenho, tem parentes, amigos e uma tartaruga tão maluca quanto um homo sapiens. Ela pensa que é um cão.

Já vão décadas de rotina na cidade-monstro. Muitas etapas fazem parte dessa jornada. Fui tartaruga que pensava ser cachorro. Fui cachorro que pensava que era peixe. Acreditei ter asas. Por sorte, havia rede de proteção na sacada daquele décimo segundo andar do edifício onde fui morar.

O tempo é célere na metrópole insana. Parece que foi anteontem que cheguei nesta terra que é como o diabo da Tasmânia que parece um bicho bravo, mas tem bom coração. Ele apenas não consegue controlar sua energia e sua fome de leão.

São Paulo, às vezes come, a gente. Às vezes, não. Feliz Aniversário, então!
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